Wednesday, July 03, 2013

Sem nº 2 duas vezes

Somos o único país no mundo em que o ministro nº 2 se demite com dois dias de intervalo. Agora a seguir ao nº 1 só temos o nº 3!

Thursday, June 06, 2013

Exportado



































A pintura "Virgem com o Menino, Santo Emídio, São Sebastião, São Roque, São Francisco de Assis e o Beato Tiago da Marca" (1487), do mestre veneziano Crivelli

Monday, April 08, 2013

Entschuldigung

Não sei se é exactamente assim que se escreve. Soa a palavra mágica, ouvida sem ver a pessoa que a pronuncia, junto ao nosso ouvido, em diversas entoações cuidadosas. Quer dizer qualquer coisa como desculpe, com licença (?).

Monday, March 04, 2013

São Tiago recomenda-se


Emérito Senhor Chefe:
Eu, do alto da minha varanda de Santa Catarina, comovido com o interesse e preocupação de toda a comunidade que me elegeu, pelo critério divino da alteridade, sobre o estado actual de recuperação e funcionamento dos meus 2 olhitos, vos agradeço pelas vossas orações, e-mails, sms,e contactos directos tanto pelo telefixo como pelo telemóvel, as quais me atingiram em pleno coração com um impacto superior à trovoada de há dias; vos abençôo, portanto, e agradeço, do coração, pois os meus olhitos estão muito bem, surpresos pela divina intensidade luminosa com que olham este maravilhoso planeta à beira-mar plantado a viver acima das suas possibilidades. Desejo de todo o coração voltar à vossa presença, marcando desde já o próximo conclave para o 14.º dia de Março, data em que terminarei o período de quarentena que me foi imposto pelo da Cruz.......oftalmologista do SAMS, portanto suficientemente a tempo de que o fumo branco possa surgir perante vós e usufruir da vossa companhia às 10.00 de domingo 23 do mesmo mês, se não chover.
Não me demito nem resigno...pronto! Lá estarei, que haja bolos....e música celestial na aparelhagem, ela sim em fase de reforma. 
A minha benção urbi-et-orbi (dito em vários dialectos, desde o mirandêz ao alentejano de barlavento) e um abraço pessoal a todos os eméritos colegas.
O Emérito São Tiago recomenda-se

Wednesday, February 20, 2013

Dicas


Bicas, perdão, dicas para fugir à multa

por FERREIRA FERNANDES 14-02-2013
Quando saí do café, o homem, engravatado e educado, abordou-me: "Boa tarde, sou da AT, Autoridade Tributária e Aduaneira..." Eu, que nisto de diálogos com as autoridades tenho muito ano, desviei a conversa: "O senhor desculpe-me, mas como é que AT quer dizer Autoridade Tributária e Aduaneira?" Mas ele, também com muito ano, não atou nem desatou: "Mostre-me a fatura, por favor." E eu: "Fatura, não tenho." Ele: "Mas tem de ter, tomou café." Eu: "Não tomei, não." Ele, que a sabe toda: "O senhor entrou no café e como consumidor final tem de pedir fatura." Eu: "Mas qual consumidor? E final? De onde é que me conhece para me chamar consumidor final?! Entrei no café para aquecer." Ele: "O senhor está a obtemperar..." Eu sabia, ponham uma autoridade tributária a fazer de gnr e ele fica logo a falar como um gnr... Fugi para a frente: "Exijo uma lavagem ao estômago para ver se há cafeína." Olhei para o interior do café e vi as saquetas de publicidade: "E tem de ser Delta! Porque ainda devo ter resíduos do Nespresso que tomei em casa..." O tributário hesitou, guardou o papelinho da contraordenação (é o que eu dizia, é assim que eles chamam à multa) e mandou-me seguir. Fiquei a vê-lo a caçar outro cliente. Este estava tramado, ainda mastigava o croissant... Dali até à esquina, fui pelo passeio sempre a fazer sinais de luzes aos consumidores finais que iam em sentido contrário.

Monday, February 04, 2013

Tropeçar no vilão

Tropeçar no vilão

por VIRIATO SOROMENHO MARQUES
Ocaso de um membro de uma associação criminosa, chamada SLN, que aceitou integrar a delegação permanente da troika em Lisboa, e que, erradamente, se costuma designar por "governo", está longe de ser um exclusivo português. A crise global tem muitas características. É política. É ambiental. É financeira. É económica. Mas aquilo que a distingue é a sua natureza moral. A crise desfaz as máscaras e rasga os véus. Logo em 2008, ficou claro que, desde há décadas, os governos não passavam de obedientes agentes de uma rede de interesses ligados a uma parte do capital financeiro. O Goldman Sachs, com empregados seus em quase todos os executivos do mundo, ficou como símbolo de uma realidade mais vasta. O problema fundamental não reside só em perceber como as nossas democracias são frágeis e ineficazes. O problema é que a gente que manda, os banqueiros e especuladores que vivem acima da lei, nos casos Monte Branco, Libor, e outros, esses homens que, da UE aos EUA, utilizam o crime como ferramenta de trabalho, essa gente manda, mas não forma uma elite. Uma elite constitui-se em torno de valores comuns. De uma visão da sociedade. De um projeto de futuro. De uma capacidade de diferenciar o bem e o mal. Uma elite, se necessário, será capaz de se sacrificar pelos valores que protagoniza e pelo mundo em que acredita. O melhor exemplo disso foi dado pela elite financeira no naufrágio do Titanic, em 1912. Dos 400 homens super-ricos que viajavam em 1.ª classe, 70% morreram afogados. Há registos, recordados num ensaio de F. Zakaria, que nos confirmam que J. J. Astor, a maior fortuna do mundo de então, acompanhou a sua mulher até ao bote salva-vidas, recusando-se a entrar enquanto existissem mulheres e crianças por salvar. O mesmo fez B. Guggenheim, que ofereceu o seu lugar no bote a uma mulher desconhecida. Se o Titanic naufragasse em 2013, estou seguro de que quase todos esses 400 super-ricos chegariam são e salvos, deixando para trás, se necessário, as suas próprias mulheres e crianças. A gente que manda hoje no mundo acredita apenas no sucesso egoísta, traduzido em ganhos monetários, pisando todas as regras e valores. Os aventureiros que conduziram a humanidade à atual encruzilhada dolorosa não passam de jogadores que transformaram o mundo num miserável reality show. Tirando o dinheiro, nada neles os distingue da gente vil, medíocre e intelectualmente indistinta que se arranha para participar nesses espetáculos insultuosos para com a condição humana. Quando andarmos pela rua, é preciso ter cuidado. É preciso olhar lá bem para baixo. No meio do pó e da lama, habita a vilanagem que manda no mundo. Cuidado para não tropeçarmos nalgum deles...

Monday, January 14, 2013

Notícias de leão sedado

Caros chefe leão e sobrinho leão:
No termo desta baixa que já conta 5 dias passo a dar notícias como vai o meu olhito, por coincidência o direito. Como informação prévia referirei que o termo "olhito" é a designação imperativa do olho corrente, logo que se entra numa clinica oftalmológica e uma prestimosa enfermeira se aproxima e inquere ao paciente entrante "qual é o olhito" ou "abra o olhito" para que no dito possa deposita a gotita a intervalos de 10 minutos sem falhar. Eis-me portanto na sala de recepção pontualmente às 08.00 da manhã de 7 de Janeiro para ser o primeira vítima a entrar na fábrica de chouriços oftálmicos de 2.ª feira passada.
Armado já com o olhito lacrimejante há que vestir o equipamento que consta, de cima para baixo, de um barrete verde, uma bata verde que abre para trás (vá lá sobre a cueca por causa da moralidade vigente), sapatos verdes por cima das peugas e complemento de roupão verde  que abre para a frente... não se engane senhor baptista ... deite-se aqui na marquesa ... aguarde senhor baptista que o senhor doutor ainda não chegou... qual é o olhito senhor baptista...abra o olhito senhor baptista.
Segue-se um período de profunda reflexão durante a espera olhando o teto falso branco e os tubos de neón.
Vamos então senhor baptista, movimentos diversos da marquesa - rotação e translacção na procura do caminho - vira à direita e depois à esquerdo e depois já me não lembro e assim nunca poderei dizer à polícia para onde os bandidos me levaram - os os tubos de néon a deslizar anarquicamente até que finalmente eu e marquesa paramos por baixo de um polvo com uma data de ventosas hexagonais.
A cena muda então. Intuo estar na designada sala de operações, tudo branco no teto e, ao que suponho, tudo o que mexia estava de verde. Voz lateral ...como vai senhor baptista, então qual é o olhito? Sou a enfermeira e chamo-me ofélia. Pausa - o seu nome é com p ou sem p? Quis acabar com a conversa sendo objectivo - antónio santiago baptista...eu também sou santiago, de onde é... vai sentir uma picada ... da bairrada...eu não... está confortável...onde ponho as mãos ...daqui a pouco já vai ter onde as pôr. Chega o doutor - bom dia como está - e começa a preparaçãp dos equipamentos durante uns largos minutos e volta a enfermeira para colocar um tubo por cima do meu nariz...não se assuste que é para o oxigénio pois vamos tapar lhe a cara... o doutor entretanto instala uma espécie de microscópio sobre o olhito e imagino eu deve ser o laser...ouve-se tilintar de instrumentos metálicos
O doutor aparece com um rolo de plástico verde escuro...diz-me olhe para baixo e afinfa-me com o rolo sobre olhito e estende-me uma espécie de mortalha verde sobre a cabeça (bem haja o oxigénio) e começou a fazer um buraco sobre olhito e só então me apercebi que  me tinham capturado o olhito que estava completamente aberto e fora do meu controle, sem que pudesse pestanejar - foi a troika?. As coisas começavam a complicar-se.
Acabado o prólogo e os entretantos passava-se aos finalmente.
Após quantidades industriais de analgésicos, o que restava do meu olhito imobilizado observava com dificuldade à transparência o que passava do lado de lá e o que se passava envolvia cortar, repuxar, utilizar uma espécie de aparelho que zumbia baixinho - queixo para baixo...olhe a luz... até que, passada uma eternidade, o senhor doutor declarou triunfantemente. já chegámos a meio...que grande catarata como é que conseguia ver através disto ... aliás mais de meio por que o que se passou a seguir foi rápido - só aplicar a nova lente, aparafusá-la, repuxar as membranas, mais toneladas de lavagens. retrair os adesivos, fechar o olhito, abrir o olhito... senhor baptista a medicação é esta... não pode abaixar-se nem fazer esforços... correu tudo muito bem... amanhã às 9 na consulta. Aí vai a marquise na brasa no circuito inverso... senhor baptista até pode ver televisão... pode vestir-se e não se esqueça de nada.
Quando saí do hospital até julgava que estava tudo acabado e só não ia a guiar para não frustrar os cuidados maternais da Manuela. Mas não estava tudo terminado, a luz era ofuscante e tinha um circulo vermelho que tapava quase todo o campo de visão, tinha dores com a impressão de ter uma tranca espetada, a televisão eram facadas, que tudo tinha corrido mal, etc, etc, enfim tudo coisas que ocorrem à mente dos humanos quando estão borradinhos... Optei então por abdicar da esperança e refugiar-me no estado de  irresponsabilidade que só o sono dá.
Na manhã seguinte foi uma alegria: o mundo estava todo mergulhado numa forte luz branca de néon, que quase cegava e eu não o reconhecia. Toda a natureza tinha sido lavada em Tide e Skip e apresentava uma brancura imaculada, as flores, os semáforos apresentavam cores vivas, o verde azulado dos led era mesmo verde e a minha óptica pessoal estava toda refundada para um lado positivo. Uma ver terminada a euforia do desvirginamento do olhito direito caí em mim e fiquei ciente que ainda  tinha um olho que se regulava ainda pela antiga constituição: o esquerdo via tudo amarelado e triste e ainda lá estava a embaciar os clamarosos resultados do olhito. Mas rapidamente me apercebi das vantagens de, durante mais de um mês e até que o olho esquerdo também seja promovido a "olhito", de olhar através de um e do outro apercebendo-me de como é agradável comparar as situações: a amarelismo e a tristeza do olho à esquerda com a fulgurância néon e o optimismo do olhito à direita, pelo que ando por aí nos lugares públicos a apreciar a diferença entre as duas paisagens, isto é a piscar a torto a direito, chegando mesmo a ser inconveniente.
Tode este relambório para vos informar que as limitações nos esforços e no andar de gatas me impossibilitam de regressar brevemente ao vosso prezado convívio, mas tive a garantia do senhor doutor para já estar junto a vós com os dois olhitos operacionais quando o futuro presidente do Sporting cumprir a suicidária determinação dos Deuses  de ir visitar a nossa centenária agremiação logo após a tomada de posse. De qualquer modo já paguei as quotas do trimestre.
Um abraço a todos
Santiago